segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

EXPEDIÇÃO ÁS BERLENGAS

O céu estava nublado,
O vento soprava gelado,
No cimo do Cabo Carvoeiro,
Via o mar bater na rocha revoltado.

A chuva batia-me no rosto,
As Berlengas mal avistava,

E a minha mente pensava,
Como a minha fragilidade aquele mar atravessava.

Na doca de Peniche,
Pequenos kayaks preparam-se para partir,
E eu mais a minha paralisia cerebral,
Num deles estava p’ra ir.

Entrei e pensei…,
Loucura enfrentar o mar,
Pois minhas mão mal tinham força,
Para num talher pegar.

Nem sequer tão pouco,
Conseguia os movimentos coordenar,

Mas a minha voz interior,
À consciência veio sussurrar.


A tua fé e querer,
Não te irão abandonar,
Por mais difícil que pareça,
Este mar vais atravessar.

 O medo foi desaparecendo,
Com o ritimo do pagaiar,
Devagar…, devagarinho,
Via a Berlenga se aproximar.

Para trás ficaram milhas,
Ondas que me molharam,
Muitos barcos com turistas,
Que minha força admiraram.

E num kayak de dois,
Lá seguia eu e o Luís,
Quase a chegar à Berlenga,
Ia brincando o grupo feliz.

Finalmente entrei num estreito,
Onde a água era cristalina,
Avistei uma praia,
E atraquei na Marina.



Não há avaliação,

Para descrever o sentimento,
Que senti no coração,
Naquele inesquecível momento.

Foi com a contemplação,
Misturada com a emoção,
Que mostrou à minha alma,
Para vencer é preciso reacção.

Desci do kayak,
A terra da Berlenga pisei,
Dure o tempo que durar,
Esse momento nunca esquecerei.

Conheci a ilha toda,
Muitos trilhos percorri,
Subi degraus gastos pelo tempo,
E da minha debilidade esqueci.

No cimo a beleza contemplei,
O ar puro respirei,
Pelo meio de ninhos de gaivotas passei,
Com o piar das cagarras me fascinei.




O dia parecia não querer ter fim,
O farol na minha frente vi,
E de o ir visitar por dentro,

Também não resisti.

Não dei conta,
Aos degraus que subi,
No cimo não consigo,
Descrever as emoções que vivi.


Via o mar a perder de vista,
Como um pássaro no céu a planar,
Pertencia à natureza,
Obra que Deus conseguiu criar.

Vi todos os recantos,
Daquele lugar de encantos,
Sai e entrei por grutas,
Onde se escondem encantos.

Voltei a Peniche,
Com o meu amigo Luís Carneiro,
Hoje não sei se sonhei,
Que andei por baixo do Cabo Carvoeiro.


E assim a natureza,
À quele frágil corpo mostrou,
Que aquele imenso mar,
Sua fé atravessou.


Poema de Carla Ferreira

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